DIVAGAÇÕES

quinta-feira, abril 15, 2021

Língua Portuguesa

Já mais de uma vez tenho mostrado o meu sentir doloroso pelas agressões que com muitíssima frequência a nossa língua sofre com estrangeirismos, na grande maioria parolos e desnecessários.

Daí, ter lido um excelente artigo do Nuno Pacheco, na página 8 do "Público" de hoje e de que, com a devida vénia, transcrevo um excerto:

" ... Dois recentes e interessantes artigos abordam a estafada saloiice nacional que é pôr inglês em tudo, numa rendição à preguiça e num desprezo pela riqueza da língua portuguesa.

Em “O português a saque” (Expresso, 1 de Abril), Rui Cardoso escreve que “uma novilíngua orwelliana, parece querer substituir o português. É uma mistura de chavões, tiques de linguagem, modismos e palavras contrabandeadas do inglês aprendido à pressa.

Qual vírus parasitando o sistema imunitário, contagia os media e as universidades, sem esquecer figuras públicas de quem se esperaria outro aprumo na forma de expressão.”

Já em “Erradicar o português: ponto de situação” (Observador, 20 de Fevereiro), Alexandre Borges prefere a ironia para descrever o mesmo cenário: “Pense no que está no seu top of mind. Se tem ou não tem a drive. Nesse mindset. Estará na cloud? O importante é estar sem-pre on. Viu o mail? Foi ao chat? Recebeu o briefing. Fez o debriefing. Teve atenção ao target e ao benchmark. Fez o brainstorm com vista ao break-even. O problema é o budget. Mas pense no ROI. Não tem business plan. É um B to B; não um B to C. Não ouviu o chairman? É o nosso core business. Tem de experimentar o coaching. Falta-nos mentoring. Trabalha em cowork. Conseguiu com crowdfunding. Mas não se esqueça do deadline. Recebeu o forward?
Agora, faça o follow-up. Dê-nos feedback. E cuidado com o gap.” Ah, por falar em “novilíngua orwelliana”: ainda paira por aí o acordês, que o texto de Rui usa (que remédio) e o de Alexandre não.

A ele voltaremos."

 

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