DIVAGAÇÕES

domingo, junho 27, 2021

Anglicanismos

Nesta tarde domingueira, confinado em casa, tive o prazer de assistir na RTP1 a um excelente programa sobre Elvas, onde a figura de honra foi o Forte da Graça.

Mas, e como no bom pano cai a nódoa, mais uma vez me feriram os ouvidos uma série de anglicanismos completamente desnecessários, quer de alguns dos entrevistados quer dos apresentadores televisivos.

Sim, sei que uma língua viva sofre alterações através do tempo, como por exemplo o “aportuguesamento” de palavras para as quais não temos equivalente.

Tudo bem. Mas para aquelas que já cá existem para que empregar outras? Para mostrar ”cultura”, para mostrar conhecimentos, para se dizer que se é actualizado, para se distanciar do “parolo” português?

Não há ninguém que ponha mão nisto, principalmente nos locutores, que depois muitos imitam?

Estou velho, bota de elástico, antiquado, fora do tempo. É com certeza isso.

2 comentários:

netus disse...

Boa noite Nunes da Cruz.
Esta questão que aponta e muito bem é apenas um dos aspectos da degradação geral a que se assiste.
E, respeitosamente, discordo de si, não está e não estou velho. Temos mais idade, felizmente, sinal de que estamos vivos e com uma saúde adequada à idade. E que observamos com desgosto certas coisas que vão acontecendo.
Pela minha parte luto como posso, nas conversas em sociedade, no meu blogue. Mas a censura dos jornais é um facto, sei-o bem. Mas não me calam.
Saúde e aqui do meu "Chapéus" aceite o meu abraço amigo
António Rodrigues cabral

Luís Alves de Fraga disse...

Meu Caro,
Tens toda a razão nas críticas que fazes; quanto à velhice, acompanho a posição do anterior comentador: estamos experientes e cansados de ver atropelos.
Repara nesta forma que está já tornar-se comum entre nós; dizíamos, quando, éramos rapazolas, «Até mais logo» no acto da despedida. Pois, importado do Brasil, veio a fórmula «Até logo mais», dita e repetida à náusea pelos locutores da televisão e não só.
Julgo que a explicação mais profunda daquilo que justamente apontas, assenta num entranhado sentimento de pequenez e de "desimportância" que que nos caracteriza perante o estrangeiro, daí a necessidade de dizermos ter o maior lago artificial da Europa (Alqueva), da ponte Vasco da Gama estar no número das mais longas do mundo, etc., etc.
Falta-nos segurança para nos afirmarmos como únicos, sem carecer de demonstrá-lo.
Terei razão?
Grande abraço.